14.2.14

DO AMOR

Mais do que falar de namorados, interessa-me falar do Amor. Uma história de amor pode ser a da raposa e o Principezinho. É o Outro a chave da existência. É o Outro que lhe confere significado e, por isso, é no Outro que nos realizamos. Precisar, cativar, amar. Com risos ou com lágrimas, no fim, é sempre o Amor que vence, mesmo que chegue trilhado, espezinhado, sofrido. Porque foi amassado no coração do homem, simultâneamente pedra e folha. E não é por acaso que se corre o risco de se perder uma vida inteira atrás do amor: porque só ele dá razão à existência!

Sempre que não amamos é porque a razão interferiu na escolha. O amor, quando verdadeiramente sentido, envolve a pessoa num véu que os outros não vêem, mas que nos liga ao outro de forma única e singular. Mas o amor requer responsabilidade, ou como dizia alguém, o amor é só para os corajosos! Se se ama verdadeiramente, disciplinamos os sentidos, aceitamos as pequenas imperfeições porque também as temos, recriamos essa comunhão de alma, física e psico-afectiva, e o "para sempre" ganha todo um significado. No entanto, nalguns casos, a ilusão da poesia amorosa pode-nos fazer esquecer o essencial, e acabamos por transferir para um ideal o respeito que devemos a nós mesmos.
 
O príncipe encantado, ou a bela adormecida, que esperem também por nós! Porque o Amor, para o ser, precisa de ser dignificado. É que, por mais que nos custe (e custa), viver implica a sabedoria da inocência numa espera ou num encontro que não nos cabe determinar, mas onde só o Amor é condição necessária e livre para ser...