28.1.15

CONHECE-TE A TI MESMO!

A sociedade de fast food e competição em que vivemos, rouba a cada pessoa tempo para si mesma, para a contemplação e para o espanto, incluindo sermos nós próprios. A actividade é tanta e a dependência do relógio tão absorvente que não nos permite olhar para dentro de nós, e quando não estamos em contacto com as nossas próprias emoções, muitas disfunções acontecem.
 
A sociedade ensina técnicas  e metodologias para vencer na vida, mas esqueceu-se de educar para os desafios emocionais. É uma tal confusão de valores que acabamos por ir na onda, mas vive mais autenticamente quem mais ama e não quem mais triunfa! Não há pessoas que se auto-realizam (seria egoísmo) nem pessoas que apenas se doam (seria uma mentira); é a lógica da auto-realização que deve permitir a lógica da doação, e dessa forma realizamo-nos como um todo.
 
Vivemos numa sociedade de competição permanente, a escolher sempre o melhor de tudo, mas esquecemo-nos que muitas das necessidades que satisfazemos somos nós que as criamos e são perfeitamente descartáveis: os nossos pensamentos criam a nossa realidade e os pensamentos automáticos são produtos de crenças e preconceitos que interiorizámos, muitas vezes sem nos apercebermos disso. Saber ter tempo para entrar em contacto com as nossas emoções, como se fizéssemos um escrutínio à nossa forma de estar na vida, às atitudes que temos sem ponderação prévia e de desta forma a um autoconhecimento que nos permita paz de consciência e liberdade interior, não é trabalho que todos consigam fazer, mas acessível a qualquer um, evitando tantas fases de stress e depressão em pessoas que, justamente por não entrarem em contacto consigo mesmas, com a capacidade de admitir erros e de conhecer o seu potencial, acabam por padecer, e caindo ciclicamente nos mesmos erros terminam em consultas de psicoterapia e psiquiatria, ou muito pior, em estilos de vida onde justificam os seus comportamentos por piores que sejam, porque não os conseguem ver assim, ou seja, como na realidade são.
 
Reflectir e alterar o padrão comportamental e a forma de lidar connosco mesmos e com os outros, é perceber que só na escola dos baldões da vida se faz o doutoramento para a tarefa de viver, e não nas correrias insanas e nos gestos intempestivos sem o cuidado de conhecermos sequer os motivos que subjazem às nossas atitudes, análise primeira para uma introspeção saudável que nos levará a um estar feliz na vida, confiantes de que temos falhas, mas de que também sabemos repará-las e ir em frente com a capacidade de sermos nós mesmos, e não nos cânones sociais do melhor e do mais competitivo... Porque só assim nos realizamos como pessoas e dessa forma saber que um dia quando olharmos para trás, foi sempre o amor que valeu a pena e deu razão à existência...