17.3.15

TEORIA GERAL DA FELICIDADE

 
 
Para se ser Pessoa integral precisamos de ter mundo mesmo que não sejamos viajados. Precisamos de ter noção da brevidade das coisas e com isso relativizar o que não deve ser empolado. Precisamos de ter carácter, firmeza e bonomia, sem cair em concessões frouxas ou em rupturas anacrónicas. Precisamos de saber que não somos eternos, que a morte não é um acidente, que o Hoje, o Agora e o Aqui têm uma importância infinitamente maior do que a que lhe concedemos, metidos como estamos continuamente em hipotecas do futuro, esquecendo-nos que não apenas pode não chegar como o sonhamos, como porque a vida se faz hoje, no instante, no momento, e não nos caldeirões mentais de planos e projectos que raramente têm correspondência prática porque a vida é dinâmica e não existem cauções.
 
Precisamos também de sonhar. Muito. Não como quem mete a cabeça nas nuvens e não sabe onde está, inebriado de lirismo, mas como quem confere alma às coisas, significado, e da chuva não maldiz, antes aproveitando a beleza que também tem. A beleza existe nos olhos de quem vê, e metidos na superficialidade diária e nos encontros fugazes connosco mesmos, ao ponto de não nos conhecermos bem, tendemos a olhar apenas o chão e a não ver o que, entretanto, acontece, porque como diria Brandhey, "se de noite chorares pelo sol, não verás as estrelas"...
 
E precisamos de voltar atrás em tantas decisões, de refazer diariamente o nosso guia de valores e atitudes, actualizar o nosso caminhar. E com humor e alegria, mesmo que seja para espantar a fealdade geral da vida, concedermos também nós a parte que nos cabe, não como quem aponta o dedo ou julga, mas sabe apreciar a cada instante a matéria que nos faz...