29.3.18

O MOMENTO PRESENTE

Descartamos sempre para um futuro mais ou menos próximo o que podemos ser como pessoa, demitindo-nos de viver cada dia com maior intensidade, de sermos em plenitude a cada dia, a cada instante, a cada agora, e não remeter para amanhã o que podemos já fazer hoje! 

Um ideal é isso mesmo: algo inalcançável, de uma perfeição tal que não se obtém. É por isso que a melhor definição de felicidade é aquela em que vivemos e sentimos o momento,  o hoje! 

A ideia da felicidade como fruto de sonhos, por um lado desresponsabiliza-nos (pensamos nós), e por outro relega para uma suposta melhor altura aquilo que queremos ser e fazer. Ora isto só pode ter a ver com as condições ideais, mas cada dia gera em si a condição ideal correspondente que tem de ser agarrada, percebida, interiorizada, sob pena de vivermos sempre emprestados ao mundo e à vida, aguardando o tal momento que nunca chegará, pelo menos da forma como foi idealizado! 

É hoje, aqui e agora, pelo uso de tudo o que somos, que nos devemos manifestar, realizar e ser. E o mundo seria com certeza bem melhor, se das intenções se passasse à efectivação prática da amizade, da inteligência emocional, da simpatia, da entreajuda, dos valores universais do bem, e até as depressões seriam muito mais debeladas porque haveria o abraço, uma desconstrução do anonimato, uma partilha digna de pessoa, e não de um ser amorfo e distante metido nos seus pensamentos e centrado no seu ego.

É muito importante colocar em cada dia toda a presença, sorrindo, sendo, amando, deixando para os chateados da vida as recriminações de que está sempre tudo mal!

Há projectos compagináveis no presente, neste tempo, no agora, mas de tão habituados às rezinguices e maledicências e porque o totoloto não nos sai, pendura-se ali numa prateleira de pendentes as gratificações emocionais que, afinal, podemos ter já!  Caso contrário, damos por nós sem património  humano e em luta contínua quando, olhando para trás, não virmos as pegadas do que, afinal, podíamos ter sido...