20.4.19

TRÍDUO PASCAL


Escreve assim um paleontólogo: "A minha fé em Deus não é um puro assentimento racional a um credo abstrato. Deus não é uma ideia. Tão pouco uma divindade difusa no oceano dos confins do cosmos, como defende a New Age. O grande problema de muitos cientistas é que mantêm uma imagem infantil de Deus e essa imagem não se dá bem com a maturação de uma visão científica do mundo. O conflito cognitivo não se resolve e quebra na parte mais débil: a experiência interior. Sem vida interior, não é possível crer." Einstein dizia também que "uma espiritualidade que não brota do contacto com a vida, com as injustiças de inumanidade, não é espiritualidade".

Diz uma história que certo dia um homem ia a passar quando viu Cristo crucificado na cruz. Ficou tão entristecido que o quis ajudar. “Deixa-me tirar-te daí” – pediu o homem. Mas Jesus respondeu-lhe: “Não! Vai antes pelo mundo e diz aos homens que encontrares, que há um homem pregado na cruz”...

A verdade é que, em sexta feira santa, por volta das três da tarde, Jesus morre na cruz, vítima de uma trama política e religiosa, e com um grau tão grande de stress que o suor é sanguinolento (hematidrose, uma situação rara provocada por um violentíssimo stress). Porém, é a atitude que tem, vendo sempre mais além dos acontecimentos, nomeadamente durante a sua pregação pública durante três anos, que ensina a estar.
 
Num plano divino, a Deus não se chega pelo esforço intelectual que d'Ele possamos fazer. Fé e razão são planos distintos e não se invalidam. Seja como for, é sempre um caminho pessoal, de interioridade e fé onde o significado da Páscoa vai além da metafísica e de elaborados argumentos, num processo único de caminhada individual na espiritualidade do que somos, ao encontro de certezas que só a dúvida desfaz… Sempre de repetir que, sem vida interior, não se ama nem crê... E Ele ali está, de braços abertos, frágil e fraco, no meio das nossas certezas e egos...