22.5.19

DIA DO ABRAÇO






Descontado o facto de que é sempre que o quisermos e sem precisarmos de motivos, hoje é o dia do abraço. Já dizia Sebastião da Gama "venha daí esse abraço!". Na realidade, a linguagem dos afectos é relegada com vergonha pelos cânones sociais mas também pessoais! O abraço cura. Um beijo cura. Um sorriso cura. Um estar, cura! Revigora a energia psíquica, humaniza, pacifica! Mas não. A ostentação obtusa do self made man e do ego leva ao exagero a distância interior, e metidos numa couraça vistosa, sufocamos a nidificação da própria alma! No reverso de uma moeda guerreira, opulenta e forte, está sempre a fragilidade de um amor interrompido!

Um "estou aqui" é bálsamo, ansiolítico e antidepressivo na prossecução da caminhada, porque importante não é a rua habitual, mas os becos que nela desembocam. Calcorreá-los como quem se pavoneia numa praça, é aviltante da dignidade alheia; mas senti-los e percebê-los como únicos e diferentes, é ser digno de um santuário que, de outra forma, ninguém saberá existir. E há muitos pedidos mudos e envergonhados, recusando-se a admitir a fragilidade da condição humana.

Que venha daí esse abraço, e esse beijo e essas lágrimas e sorrisos! Só quem tem medo ou pouco para dar, se fecha no vazio do ego. É que só temos uma vida. Ainda que com muitos nomes. Free hugs... Porque o melhor, não tem preço...