1.9.19

DO VALOR INTRÍNSECO



Temos sempre a tendência de credibilizar o outro pelo que faz ou pela quotização social que tem! Se num grupo de doutores todos se apresentarem e fazerem valer os currícula e méritos sociais, e chegada a vez de um colega simplesmente disser o nome e sorrir, não vão perceber a mensagem à primeira: de que aquele que temos à nossa frente não vale pelos títulos que tem, mas pela formação humana que demonstre e/ou lhe intuamos. E, no entanto, as pessoas continuam no mesmo registo:... de valorar o que o outro faz, para saber com que grau de cortesia e de respeito o deve tratar! Ora, confundindo o crédito com o valor, mesmo que este também exista - mas nem sempre o contrário é verdadeiro -, caímos arrogantemente ignorantes (ou cínicos) na aferição de que o cão bem cheiroso e tratado que vai ostensivo e feliz no carro do dono, vale mais do que aquele outro numa carrinha a caminho do canil... Valemos pelo somos. Não pelos títulos que temos. Um cão é sempre um cão, independentemente de estar num canil ou com todas as mordomias numa casa de ricos... E quem não sabe ver com o coração, terá sempre uma visão enquinada do outro, do mundo e da vida, na aferição adulterada que, mesmo sem saber, também faz de si...