25.2.20

DO CARNAVAL

Não ligo particularmente ao Carnaval, mas como tudo, este dia como interregno lúdico e livre que é, não passa da representação de uma sociedade no que seria se se declinassem as normas.
A máscara tem o sentido catártico de uma disciplina socialmente imposta. As personagens que representamos, confundem-se no real e no imaginário, porque tanto somos aquilo que pensamos ser, como as personagens que apenas pensamos representar.
Neste nevoeiro do conhecimento, todos os dias temos os mais variados corsos, onde o papel principal é sempre o nosso. Daí que o dia de carnaval seja hoje uma mera festa pública, porque a verdadeira, a genuína e formal, é aquela em que os carros alegóricos (pessoais ou colectivos) passam todos os dias por nós.
Entre a defesa e a hipocrisia, entre o real e o intencional, as máscaras são produto de personalidades prensadas no despotismo de muitos. Neste aspecto valorizo os simples, a simpatia do riso, a desresponsabilização salutar por tantos males do mundo! E esses sim, sabem brincar. Sem precisar de corsos ou trajes forçados. O homem médio é, sem dúvida, o mais feliz.
De resto, a brincadeira despreconceituosa e simples do quotidiano, o humor e a alegria, são imperativos, numa sociedade tão dada ao formal, ao poder, ao status e ao dinheiro, como se apenas legitimassemos o ar pomposo e descredibilizássemos a simplicidade do ser.
Sou dos que liga muito pouco à quotização intelectual e ao socialmente correcto! E quanto mais verifico isso nos outros, mais me afasto deles! Que seja carnaval, carnaval sem máscaras pessoais, essas onde as pessoas são os seus próprios campos de batalha...