26.2.20

QUARTA FEIRA DE CINZAS



Hoje é 4.feira de Cinzas. A História da Humanidade tem tanto de heroísmo como de cobardia. Certo é que serpenteamos entre a ética e a coisificação; entre o amor e o poder;
Para muitos, o tempo quaresmal que hoje se inicia ("lembra-te que és pó e ao pó hás-de voltar" e, por isso o nome de 4.feira de cinzas), e que culmina no Domingo de Páscoa, é simplesmente desconhecido. Iliteracia religiosa. Mas reveste-se para os crentes de especial significado. Cristo soube fazer a denúncia do achincalhamento da dignidade humana sem se render aos poderes instituídos, políticos e religiosos embora também sem os desrespeitar. Geraram-se grupos à sua volta que o apoiavam como o libertador de querelas políticas, mas Cristo sabia ler acima das minudências e manigâncias. Diz que somos seres humanos com toque do divino, sem no entanto desrespeitar a hierarquia existente ou convidar à insurreição. Mas não pactua: denuncia. E soube denunciar com frontalidade e coerência ao ponto de perder amigos, como previra com a negação de Pedro ou a traição de Judas!
António Damásio, o neurologista e neurocientista português conhecido por obras como o "Erro de Descartes" e que trabalha no estudo não só do cérebro mas, sobretudo das emoções, fez ontem anos, e Jesus Cristo é um belíssimo exemplo de inteligência emocional, sabendo perceber a necessidade do outro e de calçar os seus sapatos, havendo autores que escreveram precisamente sobre isso, analisando a sua inteligência e sensibilidade, a sua empatia, já tão avançados na altura e ainda tão descurados hoje...
Perguntaram a várias crianças o que era o amor, e Max, uma criança de 5 anos, respondeu: "Deus poderia ter dito palavras mágicas para que os pregos caíssem do crucifixo, mas ele não disse isso. Isso é amor".