19.10.20

DA IMPORTÂNCIA DO SORRISO

Adicionar legenda

Celebrou-se há dias, o Dia Mundial do sorriso, cuja importância é tão grande, que passa pelos benefícios orgânicos e psicológicos que traz, como a diminuição do stress, da tensão arterial, aumento da autoestima, produtividade, fortalecimento do sistema imunitário e por aí fora, e daí a necessidade de falar dele, porque a verdade é que devemos dar gratuitamente o que gratuitamente recebemos, e há sempre muita gente fechada nos mausoléus do ego. Não advogo nenhum sofrimento gratuito ou qualquer forma de estoicismo, mas, além de sabedoria de vida, gosto daqueles que sabem relevar sem desresponsabilizar, dos que encolhem os ombros com um sorriso, como quem acaba de perder um comboio ou fica ensopado com uma inesperada chuvada mas sem maldizerem o mundo por isso.
Precisamos de lembrar de que só valemos pelo que somos e não pelo que temos. De que apenas nos realizamos com o Outro, de que sozinhos, como diz um provérbio africano, chegamos mais depressa, mas não mais longe. E esta interiorização da vida, dolorosa, sim, não nos torna mais felizes por isso, mas a consciencialização dos factos é sempre meia resolução do problema.
Nunca gostei de quem reclama como se tivesse o primado de ter de ser mais feliz do que os outros, como se fosse imperativo que nenhum escolho pudesse haver no seu caminho, mas também aqui entra a humildade da condição humana, já que, paradoxalmente, um caminho sem problemas é, em si, indicação de que não é esse o caminho. Haverá sempre chuva e sol, dia e noite.
Um sorriso mesmo que triste, ou um silêncio como quem digere o problema, um atender ao outro como quem se acolhe a si mesmo, são apenas formas possíveis das beligerantes opções comuns. Não como quem não se insurge ou se resigna, mas como quem não gasta energias com o inevitável, quando o é!
É no abraço universal que beijamos a alma, e é com essa atitude do sorriso que o coração canta a dor e a exorciza. Só é preciso não desesperar, não tomar a contingência pelo definitivo, não afiar o dente nem maldizer o mundo, e sentir que muitas vezes a paz está no silêncio que não fazemos e no sorriso que não damos...
Entretanto, o humor é, além de um bálsamo, uma forma de exorcizar os dramas e as inevitáveis contrariedades que a vida traz, além de ser fonte de higiene mental, mas não deve ser confundido com ausência de problemas! A paz é aquela que se consegue no meio da luta, e os sorrisos são um encorajamento de alma, um vitamínico anónimo de amizade, e, vale muito mais do que os lamentos...
É sempre na doação de nós mesmos que a vida acontece, não nos austeros perfis ou pomposas atitudes que assumimos em exageradas defesas de comunicação...
Dizia Sebastião da Gama, "venha daí esse abraço!" Essa é a simplicidade que muitos não conseguem ter, a verdadeira elegância que tantos confundem com as roupas ou o tratamento reverencial como que a fazer valer medalhas ou títulos, como se fossem um bocadinho mais do que os outros. Mas não são. Existe uma vaidade encapotada na afirmação do distanciamento interior.
O sorriso é como que um irmão da simplicidade, porque abraça, suaviza e comunga. Um sorriso, tal como uma palavra ou um abraço, pode salvar vidas e mitigar sofrimentos. Charles Dickens tem uma expressão fabulosa ao dizer que "ninguém pode achar que falhou a sua missão neste mundo, se aliviou o fardo de outra pessoa." E por vezes basta um sorriso.
O sorriso
🙂
é só outra forma de abraçar...