13.2.09

Pecado de um homem só


Estou sentado numa rocha ao pé do mar. É tão calma e limpa esta água ao pé de mim. Como gostava de ter ali alguém que me contasse contos de criança e de mar e me afagasse o cabelo sem se importar com mais nada. Como o “Setembro” de Woody Allen onde a fotografia é da cor do Outono e só me apetece ficar lá... Eternamente!

Sei que é fuga de mim mesmo, mas que desertem agora considerações moralistas ou psicanalíticas sobre a realização vivencial, o caminho da responsabilidade, a afasia da personalidade! Todos os filmes parecem perpetuar a vida, mas a dor é crescimento, e por isso permito condoer-me e baixar as defesas do riso instantâneo (embora sincero), e do optimismo médio para um ser psicasténico no amor! Amar! Não basta a apetência: é necessária a união.

Conta-me histórias, oh mar. Fala tu comigo porque vens e vais com a mesma suavidade sem trazeres novos pensamentos à conversa que tivemos. Fala comigo mar, banha-me os olhos e sopra-me o cabelo. Sustém-me nas tuas ondas e diz que a vida também é riso, que a vida também é sonho. E quando chorar estarei confundido com as tuas próprias lágrimas. Só preciso descansar um pouco. Assim, contigo. E ao nascer do sol irei embora para casa. Outro eu, lavado, puro, mas também manchado. A natureza não se racionaliza e os sentimentos dos homens também não.

Olá, tudo bem? – dizem-me.
Olá, como vais? – Respondo a sorrir.
E o ciclo repete-se até encontrar de novo o mar.
Sou o pecado de um homem só...