Visto-me de sombras.
Sou refém de mim.
Aceito o convite do silêncio.
Sigo em passos lentos para não incomodar a vida.
Assusto-me com as pessoas que têm sentimentos neutros.
Espanto-me com a palidez da tristeza.
Ruborizo-me com os escândalos da alegria.
Despeço-me dos sonhos.
Olho de soslaio a ilusão.
Pelas ruas da solidão, encontro a saudade embriagada.
Olhos cegos de esperança.
Com as mãos da dor, rezo um terço de lágrimas.
Prendo os pensamentos nos convés do tempo.
Tempo que ficou em mim sem nunca ter sido.
Fecho a cortina do dia.
Adormeço no colo da noite.
Até que a aurora me resgate.