Há pessoas sem qualquer curso que percebem melhor a ignorância de quem se pensa inteligente sem saber sequer que foi escrutinado. E há os oficialmente doutos onde o domínio da língua nem sempre é o melhor, a cultura parece restringir-se às áreas aprendidas, e a formação humana espraiada nas relações interpessoais deixam-me atónito porque se pede mais a quem conhece mais, e todavia apenas parecem saber o que qualquer mediano português faz: a lei da esperteza a saca rolhas, o sorriso escancarado que mente uma natural falta de paciência, e o noblesse oblige das simpatias que nem sempre o são. Prefiro ser fiel a mim mesmo do que ao socialmente correcto.
Nem tudo nos pertence nem tudo dominamos. E aquilo que é felicidade para uns não o é para outros. Cada dia é a felicidade. Ou não. Somos nós quem comanda o nosso mundo pessoal, e como as emoções provêm do pensamento, há que saber dominá-lo. Para o bem e para o mal. Ser feliz pode ser sentir-se simplesmente bem no aqui e agora. É o meu caso. De onde te vem tanta energia? Tanta alegria? És contagiante... Mas as pessoas não sabem que essa alegria me vem da consciência da serenidade da vida, do efémero da nossa existência, e das próprias pessoas que estão comigo. Há muita gente que vive hipotecada no futuro do euromilhões ou de ressaltos inesperados que lhes tragam efeitos práticos similares aos jogos... se ganhassem. Mas é uma desinteligência. Como é uma desinteligência a arrogância, a soberba intelectual e o nariz emproado de quem pensa que por ser assim tem mais crédito que os outros. Mas não tem. Pelo menos como pessoa. Se é certo que não podemos ser anjinhos e deixarmo-nos levar por quem nos quer encapotadamente tomar o braço quando supostamente devia ser só a mão, a realidade é que também não devemos usurpar a nossa capacidade de doação, de entrega, de nos abstrairmos dos outros para que possamos continuar a ser nós mesmos, e, dessa forma, sermos felizes porque não entramos completamente no jogo. Mas darmo-nos é um acto só dos grandes. E do alto da sua redoma de vidro, talvez muitos sejam pequenos para isso...
Não gosto da exploração do imediato. Vive-se por empréstimo na ânsia de ter o que se julga mínimo (e será que é mesmo?). Não cultivamos a inteligência, muito menos a sabedoria. Vivemos numa época cheia de paradoxos e contrastes. Basta mexer no rato do computador para irmos de Portugal a Nova Zelândia ou do Brasil à Coreia em questão de segundos. Porque será que aprendemos tão depressa mil e uma coisas sobre tecnologia e nos custa tanto progredir na maneira de nos relacionarmos uns com os outros? Como poderemos ter um mundo mais seguro, se não investirmos no diálogo, na compreensão, na amizade, mesmo as que ainda não fizemos? Poderemos ser felizes sublimados na virtualidade e no anonimato? Nas relações com os outros, e pelo meu sentido de justiça, consigo pôr a pessoa entre a espada e a parede, mas não consigo dar a estocada final.
Se não formos capazes de acalentar aspirações e os desejos mais nobres que brotam do interior de nós como pessoa, mas numa dinâmica de doação, de simplicidade, naturalidade, espontaneidade, estaremos a criar uma sociedade de pessoas que se procuram umas nas outras para fugirem da sua própria solidão, mas que não acertam no encontro consigo mesmas.
Até já! :)
P.S. - Quero agradecer igualmente as palavras simpáticas que muitos deixaram na entrega do prémio que fiz. Parecia o meu dia de anos. Sabem, sou daqueles ingénuos que o mundo ainda vai tendo, e alegro-me com o essencial. Como estes gestos simples de aparentes minudências feito, mas sentido, e que obteve correspondência. As coisas grandes são para todos. As pequenas, deixo-as aos que me são, de uma forma ou de outra mais queridos, dizia algum ilustre ;)
E quero agradecer também às pessoas dos blogues que vão colocando - embora timidamente - fotos pessoais (yupie... move-me a partilha... A Partilha... assim com letras grandes) como quem devagarinho sai das palavras ;) e se mostra também corpo animado. Por isso coloco mais uma foto. Para continuar a incentivar ;)