22.1.11

OHNE DICH

A historia única e pessoal que cada um de nós tem, não deve, não pode servir para justificar os nossos actos, mas para os entender melhor e assim tomar outra atitude. Caso contrário, não aprendemos nada com a vida e, limitando-nos a constatá-la, acabamos por justificar os nossos actos.

Para além de habitarmos um mundo confuso e desordenado, legitimamo-lo pelas nossas acções e pelos nossos silêncios. Inalamos a poluição humana com um tal sentido hiper-crítico, que nos tornamos elos de uma massa escudada em si mesma. Somos educados para ter sucesso, mas não somos ensinados a amar. E imiscuimo-nos fatalmente na multidão anónima que, irónica e paradoxalmente, padroniza este modo de viver. Assistimos a uma descaracterização do ser humano. Ao contrário do que muitas vezes pensamos, a felicidade não reside na acumulação de bens ou nas figuras de engraçados e espertalhaços que fazemos perante os outros. Precisamos uns dos outros. Como aquela frase que diz que precisamos de mãos para nascer, mas são outras mãos que nos enterram!

De que vale a pequena ou grande erudição se não formos capazes de gestos de amor? De que vale o nariz torcido, se quando nos atiramos para a cama no final do dia continuamos tão mortais como quando acordamos? É necessária a aprendizagem do Amor, mais do que a simples empatia da solidariedade. Para invertermos esta quase patológica realidade, não basta a inteligência cognitiva; é necessária, sobretudo, a inteligência emocional. E esse é que é o verdadeiro passaporte para a condição de ser Pessoa. A formação humana. Porque a inteligência não faz uma pessoa. É a pessoa que se unifica e depura. Caso contrário, encontraremos doutores que são umas bestas, e pessoas simples do povo que são uns sábios. Pelo meio temos pedantes ou civilizados. Cabe-nos a nós actualizar as nossas decisões. Antes que nos desumanizemos sem dar por isso.