Quando quiseres brincar aos balões ou te lambuzares de chocolates...
Quando quiseres chorar porque viste um pássaro morto que os adultos chamam lei da vida se não foi a maldade dos homens...
Quando quiseres que aceitem o que sentes sem esgrimirem racionalidades elogiando que só assim serás adulto...
Quando adormeceres no colo de um estranho e apoiares a cabeça entre as mãos chateado sem saberes porquê!...
Quando sonhares que o sonho não é ilusão da mente, e que a felicidade é o momento, e que dentro dele eternizarás a pseudo utopia dos que afinal não ousam...
Quando libertares as defesas que com a idade ergueste e te despires de vaidades intelectuais que te cerceiam o espírito...
Quando souberes que muito da indústria do tempo livre é apenas a maneira encontrada para tapar o nosso próprio vazio...
Quando tiveres reflectido que nada vales sem o Outro!...
Quando interiorizares que é na partilha que se faz vida e não nos prazeres egoístas...
Quando souberes que o "venha daí esse abraço" não precisa de um conhecimento prévio porque somos todos estranhos até nos conhecermos...
Quando, enfim, tudo isto te for o elementar do Ser para ser...
...então serás feliz, porque não confundiste ser com parecer, nem vida com acumulação de coisas que não serão tuas para sempre, nem liberdade com ditames sociais.
E então, entenderás tão bem o conto que recordas sorrindo e que te lembro:
Uma mulher que pedia esmola um dia recebeu uma rosa em vez de moedas. Apertou a flor contra o peito e durante uma semana não foi vista. Oito dias depois voltou a aparecer no local de sempre.
Perguntaram-lhe então: "de que viveu durante este tempo"?
E ela respondeu:
- Da rosa!.