Conhece a solidão da cidade que na ilusão do ruído te confunde. Vê-lhe as veias e artérias que transportam vidas emprestadas. Sente-lhe o vazio do dia por oposição à vida que carrega na noite, em vielas e em becos, em praças e vias secundárias, onde as tintas sociais desapareceram e os focos são mais ténues, reflectindo nas sombras e no silêncio, a presença das estrelas que a luz do dia não vê.
Chora sem teus olhos o mostrarem. Renova a solidão no sorriso social. Sofre como se alegre estivesses. Mas não permitas que tanta dor camuflada te asfixie a amenizacao que a catarse trará, se noutro ser sofrido souberes ser na dignidade da dor, a fragilidade do coração dilacerado. Depois sim, poderás sorrir com outros lábios a solidão renovada no encontro de não estares só.
Vão é o ego e o orgulho, porque quando um dia te tornares livre, verás que só na partilha existe a razão de viver.