Que te direi hoje, no imenso oceano da distância? Que te direi hoje, neste espaço intemporal dos sentimentos? Que te direi hoje, no cansaço repetido das palavras?
Talvez a distância não seja cósmica e a proximidade se instale mais prazeirosa do que o terrível silêncio da existência. Talvez os sorrisos se encontrem no vento entre murmúrios longínquos de esperança. Talvez os olhares contemplem a mesma ilusão que tarda a realidade.
E, todavia, o Tempo passa sem objecções, ditador e contundente, célere e aglutinador, como uma almofada que te asfixia a respiraçao numa angústia indetectável. Correrás mundos e marés em ondas de alegria, pesar e esperança. Sorverás o vento fresco e forte e ouvirás os medos da noite em manhãs tenebrosas de tempestades súbitas. E dormirás uma vida que mais ninguém conhece, em esperas no cais pela viagem imensa de um mundo sem ti...