24.9.18

AMOR OU PROZAC

Há muitas luzes de néon, muito movimento, muito ruído e também muito vazio! Muitas palavras debitadas de cor, muitos clichés, muita superficialidade. Faltam os coches da sinceridade e nobreza de espírito em vez dos bólides topos de gama. Falta o significado do gesto, de cada gesto, em vez dos rituais cegos e automáticos sem cumplicidade e sem encanto, sem delicadeza e sem amor!

Vivemos amassados por tanta informação, anestesiados no poder tecnológico, no bramir do dinheiro, na angústia do futuro e mal sabemos o que é a comunicação da alma. Falamos sobre tudo mas não sabemos nada. Somos ignorantes da nossa própria condição. Habituámo-nos à personagem e não à pessoa. Falta humildade e serviço, bondade e modéstia; prevalece o ego e o endeusamento da finita razão. 

A sinceridade passa a irrefutável certeza, o amor a orgulho, a ideia que fazemos de algo a convencimento, e rasgamos as estrelas até perdermos a mão no Infinito onde nem a noite nem a luz nem nada nos abre os olhos para a obesidade de seres informados mas pouco formados.

Falta-nos a leveza de um pensamento leve. De não sermos mirabolantes a cada gesto, a cada ideia, a cada situação, como se tudo tivesse de ter segundas intenções ou se todos desejassem fazer mal ao próximo. 

Mas existe um remédio. Um remédio natural. Só se perde quem não sabe, não quer ou não pode amar. O amor universal, desinteressado, oblativo. Um amor que preencha e complete a essência que somos e para a qual fomos destinados, que nenhum Prozac, nenhuma experiência de vida, nenhum deus pessoal, nenhuma filosofia, nenhum ego nem nenhuma energia cósmica, poderão alguma vez substituir.