18.4.20

PRIORIZAR HUMANO


Aquilo que deixamos quando um dia chegar a nossa vez, muito depois do Covid 19 - que, tal como tantos outros vírus, existirá sempre -, não é o ar austero ou pomposo que colocavamos, as roupas que usavamos, os carros que tínhamos, os perfis politicamente correctos de uma rede social, ou a intelectualidade que dávamos às coisas. 

Aquilo que deixamos na memória de quem fica, será o anonimato do bem, a ajuda desinteressada, as vezes que conseguimos gestos de amor escancarados sem cuidar das etiquetas sociais, ou o desbloqueio dos problemas pela atitude previdente mas não dramatizada em assumir o sofrimento, a simpatia e a capacidade de rir mesmo no meio da tempestade, porque significa que somos nós a assumir o comando da atitude, quando não pode ser o da situação. É por isso que seremos lembrados, pela capacidade de unirmos os corações e darmos as mãos, e não por constantemente termos pensado egoisticamente, ou termos tido aparentes gestos de bondade que, na realidade, serviam para nos satisfazer o ego. 

Só damos verdadeiramente quando damos o que também nos falta, ou, como diz uma frase de alguém, nunca seremos ricos enquanto não tivermos aquilo que o dinheiro não pode comprar... O nosso legado será sempre o da autenticidade no bem e no amor, pelo que, assumirmos um ar demasiado sério e/ou vaidoso, será apenas a melhor maneira de desperdiçar a vida!...