10.4.20

TRÍDUO PASCAL

Por volta das três da tarde, Jesus morre na cruz, vítima de uma trama política e religiosa, e com um grau tão grande de stress que o suor é sanguinolento (hematidrose, uma situação rara provocada por um violentíssimo stress).
Porém, é a atitude que tem, vendo sempre mais além dos acontecimentos, nomeadamente durante a sua pregação pública durante três anos, que ensina a estar. Jesus é um mestre de inteligência emocional. Como escreve o psicoterapeuta Augusto Cury que se debruçou sobre a sensibilidade e análise da inteligência de Cristo, "Jesus protegia as suas emoções, sabendo que são elas que despoletam todo o nosso agir, e por isso, mesmo quando os carrascos o crucificavam, ele sabia que eram vítimas da cultura tirânica do império romano, cumpriam ordens, não eram donos do seu destino, e que por trás de uma pessoa que fere, há sempre uma pessoa ferida. Isso não resolvia o problema dos opositores, mas resolvia o dele, protegia a mente e as emoções."

Claro que, a Deus, não se chega pelo esforço intelectual que d'Ele possamos fazer. Fé e razão são planos distintos, mas não se invalidam. A ideia de Deus - ao contrário das efabulações de infância necessárias ao crescimento psico afectivo -, continua a ser racional em adultos. Diz um paleontólogo: "o problema de muitos é que mantêm uma imagem infantil de Deus e essa imagem não se dá bem com a maturação de uma visão científica do mundo. O conflito cognitivo não se resolve e quebra na parte mais débil: a experiência interior. Sem vida interior, não é possível crer".

Seja como for, é sempre um caminho pessoal, de interioridade e fé, onde o significado da Páscoa vai além da metafísica e de elaborados argumentos, num processo único de caminhada individual na espiritualidade do que somos, ao encontro de certezas que só a dúvida desfaz...´
E Ele ali está, de braços abertos, frágil e fraco, no meio das nossas certezas e egos...

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(Excepcionalmente, refiro onde tirei a foto, dada a sua especificidade: é a 360° e foi tirada à entrada de uma igreja portuguesa em Istambul, de nome Nossa Senhora de Fátima.)