30.7.20

DIA INTERNACIONAL DA AMIZADE

Hoje é o Dia Internacional da Amizade! Como escrevia Saint-Exupéry:
"eu não preciso de ti
e tu não precisas de mim,
mas se tu me cativas,
nós precisaremos um do outro!"

30 de Julho é o dia oficialmente instituído pela ONU, embora no Brasil seja comemorado no dia 20 e o próprio Facebook tenha instituído o dia 04 de Fevereiro por ser o dia da sua criação, mas é hoje a data oficial. E a Amizade é todo um tratado.
Gosto de quem sofre. Porque está a sofrer. De quem abre o coração e lhe entra uma flecha. Porque a confiança foi traída. De quem acredita e é destituído. Porque entrou no desencanto. De quem investe e sai perdido, porque precisa de voltar a acreditar. Porque é aqui que ainda devem entrar mais os Amigos!
Gosto de amigos simples e sensíveis. Gosto dos amigos reais e dos virtuais, dos amigos que nos amam.
Dos que cometem loucuras e riem connosco!
Dos que o são de verdade e não por conveniência. Dos que dão tudo e não olham às hipocrisias do socialmente correcto.

Dos que com lágrimas vencem a dureza da rocha, e dão um murro à lamentação sem desrespeitar a mágoa que precisa de ser curada.
Dos que efusivamente abraçam, mesmo que os outros achem um desrespeito. O que interessa é que o abraço seja sentido, com os dois braços, e não uma cortesia momentânea.
Dos que estão presentes antes de chamar. Dos que mostram a sua dor porque também me ajudam a mostrar a minha.
Porque os amigos, os amigos de verdade, mesmo os que não precisam do tempo para se ter intimidade e empatia, seguram connosco a chave mestra da vida: sermos em plenitude, na sensibilidade, na alegria e no encanto, no sofrimento e na dor.
E é por isso que é tão importante esse amor universal da amizade... E de as criar, construir, alimentar e fazer, porque também há amigos que fazemos hoje, como se os tivéssemos tido desde sempre; basta que destapemos o crédito social, a vergonha ou as defesas exageradas, na atenção e no encontro que tantas vezes abortamos à nascença mas com vontade de os ter.
Gosto que me digam "estou aqui" porque posso ter receio de dizer "fica comigo"!
Mas é Vinícius de Morais quem diz tão bem este meu sentir: "Não precisa ser homem, basta ser humano, basta ter sentimento, basta ter coração. Tem que gostar de poesia, de madrugada, de pássaro, de sol, da lua, do canto dos ventos e das canções da brisa. Deve ter amor, um grande amor por alguém, ou então sentir falta de não ter esse amor. Deve amar o próximo e respeitar a dor que os passantes levam consigo.
Não é preciso que seja de primeira mão, nem é imprescindível que seja de segunda mão. Pode já ter sido enganado, pois todos os amigos são enganados. Não é preciso que seja puro, nem que seja de todo impuro, mas não deve ser vulgar.
Tem que ter ressonâncias humanas, seu principal objetivo deve ser o de amigo. Deve sentir pena das pessoas tristes e compreender o imenso vazio dos solitários.
Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos, que se comova, quando chamado de amigo. Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grande chuvas e das recordações de infância. Precisa-se de um amigo para não se enlouquecer, para contar o que se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade. Deve gostar de ruas desertas, de poças de água e de caminhos molhados, de beira de estrada, de mato depois da chuva, de se deitar no capim.
Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já se tem um amigo. Precisa-se de um amigo para se parar de chorar. Para não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas. Que nos bata nos ombros sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo, para ter-se a consciência de que ainda se vive".
Gosto muito desta citação do Vinicius porque expressa tão bem a Amizade, e porque a Amizade é o gesto presente nos dias comuns e anónimos, de presença na ausência, de sorriso e partilha, de silêncio e palavras! O quotidiano carece tão mais de gestos amigos do que longos momentos em que todos brindam para depois todos voltarem a ficar sós. É aí, no dia a dia, que se revela em toda a sua verdade, porque é nos gestos efectivos que o amor (se) transforma. Caso contrário, seremos meros reagentes a acenos de amizade...
O meu abraço com os dois braços