12.3.21

DA ESSÊNCIA


 Freud diz que "é impossível eliminar os nossos sintomas todos sem perder juntamente com eles, aquilo que representa a nossa maneira de ser, aquilo que nos aproxima da obra de arte e nos afasta de sermos mera cópia de um original previamente definido, higienizado, polido e considerado normal."

De facto, se é verdade que nos precisamos de desconstruir diariamente, isso também não pode significar uma negação àquilo que é a nossa essência! Nunca gostei do socialmente correcto, das pessoas muito compostas para manterem o crédito (uma desinteligência, já que pagam o preço de se subtrairem), ou altamente seguras, descontando já o que tudo isso tem do seu oposto.
Tal como uma mente conservadora inibe o desenvolvimento, a ideia de nos travestirmos socialmente para uma imagem de perfeição, inibe a própria personalidade que fica refém de si mesma em artificialidade e vazio.
Os sinais práticos nas redes sociais, costumam ser perfis muito enciclopédicos, perfeitinhos e muita cultura, porque fica mal rirmos do que gostamos ou simplesmente sermos nós em coisas simples das diferentes latitudes do eu, (e, é por isso que supostamente se tem um perfil, excepto se for uma página ou algo profissional), e na vida real a soberba intelectual, a arrogância, mas também aparentes simpatias e muita amizade, mas que escondem acidez e hipocrisia, e quantas vezes inveja e maledicência.
Freud tem razão. No fundo, crescer não é negarmo-nos, mas integrar o que somos com a perfeição possível... sem por isso deixarmos de ser nós...