19.11.21

DIA INTERNACIONAL DO HOMEM

 


O que é ser homem no dia que hoje se comemora? Comemora-se o dia internacional do homem, não do super-homem. É-se homem quando assumimos as fragilidades, a condição humana de que não somos mais do que ninguém, mas saber sorrir e brincar no meio dos problemas, é uma forma de não lhes aumentarmos a carga, e, tantos, quão dramáticos são. É é, também, por isso, que o humor é importante por ser um desbloqueador. É como a covid. Sem desprezar o seu impacto, não podemos conceder-lhe maior importância do que tem.


Não se é homem quando nos manifestamos em pessoas que verdadeiramente não somos, usando personagens ludibriadas pelo ego em constantes manifestações de superficialidade e de vaidade.

Inculcámos em nós esta convicção do mais, da eficácia e da força, do ser mais e ter mais, da competição tácita, do tempo ocupado! Muitos workshops e coaching são centrados nessa vertente de auto realização, mas não há qualidade de vida nem de tempo sempre que o ramerrão nos escraviza em baratas tontas que já nem sabem que o são, nem a realização pessoal se faz sozinha. Um homem deixado numa ilha solitária com todas as mordomias ao seu dispor, depressa esgotava a sua verdade existencial!!

A terrível ideia de que ser homem é bastar-se a si mesmo e continuamente passar aos outros a ideia de força e poder, é uma falácia das piores, porque se limita a endeusar o ego tornando-se vítima de si mesmo e viciosamente encontrando argumentos e desculpas para o seu próprio vazio!

É sempre na relação com o Outro que sabemos mais de nós, quer no processo individual de autoconhecimento, quer nos padrões mentais e comportamentais que nos levam à integração da nossa própria história.

A auto análise e a redescoberta de nós mesmos nas potencialidades e limitações, estará sempre incompleta se não se fizer também no processo relacional, mesmo naquele que possa incomodar, porque é nesse incómodo que o Outro nos provoca sem saber, que somos interpelados a descobrir e interpretar o seu significado, tal como é na sensação de bem estar e identificação interior, que damos pulos e avanços na assumpção de que, afinal, há tantos como nós, em caos e dor, mas também na capacidade directa ou tácita de que juntos somos mais fortes e nos amparamos sem o dizer, em sensações profundas de uma humanidade que se constrói e partilha e aceita assim, devedora da afectividade e da entrega, e credora de tanta beleza no deserto da alma que julgávamos ser o fim... E tudo isto é que é ser homem, porque requer liberdade interior e humildade, irmos às nossas profundezas e sairmos de nós e dos nossos escudos medievais.

Sempre que nos recusamos a emoção e o sentir, estamos a bloquear afectos e aprendizagens, a capacidade de sermos mais pessoas, mais humanos, mais nós! É muito pouco inteligente aquele que reprime as emoções porque se auto limita e não cresce!

Existe a ideia de que ser homem é ser superior e autosuficiente, mas ser homem é estar acima da maledicência, das indirectas e invejas, é ser verdadeiro e inteiro, não temer quem fale pelas costas porque nada deve, é exprimir as suas emoções mesmo com lágrimas se for o que sente.

Não se trata dos serviços mínimos das defesas comuns para tapar fragilidades, mas daquelas que não nos permitem revelar a nossa própria condição, até porque uma pessoa continuamente forte, segura e feliz, algures perdeu a noção de quem é, na imagem que forçadamente quer dar de si...

Muitos pensam que ser homem é ser um super herói, mas geralmente quem pensa e age assim, é porque é ele que está a precisar que o salvem...