8.10.19

DESCER A NÓS

"Não sei qual é o meu destino, mas estou convencida de que estou num período de transição, como um retorno às minhas raízes, um retorno a mim mesma. Porque me perdi um pouco”, diz Angelina Jolie em recente entrevista. E acrescenta sobre o divórcio com Brad Pitt: “Senti uma profunda e genuína tristeza, fiquei ferida. Por outro lado, foi interessante reconectar-me com essa humildade e até essa insignificância que eu estava a sentir. Talvez seja isso o que é ser humano, no final...”.

São declarações de quem se analisa e desce a si, de quem se confronta com as sombras e afirma que foi necessário perder-se para se reencontrar. Gosto desta humildade, desta inteligência do coração, deste reconhecimento que, só tendo consciência da nossa insignificância, nos podemos tornar grandes, nos podemos tornar nós.
Isto fez-me lembrar o jornalista Jean Paul Kauffman - que foi feito refém durante três anos em Beirute - quando escreveu depois da sua libertação: "Estes anos foram atrozes. Chegámos ao grau mais próximo da estupidez humana a que um ser humano pode chegar, mas quando uma desgraça assim nos bate à porta, temos de saber usá-la para fazermos marcha atrás, para, de certo modo, nos testarmos. O sofrimento revela muita coisa. É horrível dizê-lo, mas eu podia ter morrido idiota, se não tivesse passado por tudo aquilo"!

Há tanta gente que se acha nas mais altas esferas seja do que for, mas cuja ausência de sentido de humidade e simplicidade lhes cava fossos de dessincronia entre a autenticidade e a superficialidade... É preciso sabermos ser Pessoas. É preciso sabermos ser nós!