Saudades de ser o que não fui.
Saudades imensas num mar reprimido de lágrimas
Ou de únicos instantes na minha própria unicidade
Ou de únicos instantes na minha própria unicidade
Saudades que brotam a espaços convulsos
de uma vida por viver... até ao vazio do existir.
Saudades do Tempo que não veio e
daquele que há-de vir.
daquele que há-de vir.
...E tu pegas-me na mão, acaricia-la e levantas-me meigamente
tentando dissipar as mágoas de um ser que se criou...
Ergo-me, balbuciante e carente
procurando-me a mim mesmo, nostalgia do futuro.
Da minha própria dimensão. De um olhar imaginário.
E danço.
"Sign your name across my heart"... a música invade-me,
ela mesma testemunha de uma tristeza mórbida e
de um ser sofrido: todo eu.
Percebes-me saudoso numa tentativa de rasgar o Tempo e
comungas esse quê de letargia
abraçando-me carinhosamente
num duplo gesto de identificação.
Saudades do que não fui
e lembrança do que há-de vir.
Sou eu.
Fado de uma criação nobre
Melancolia de um ser existido
Saudades do que não sou.
... E tu choras no pórtico do Tempo
que me há-de resgatar
E danças comigo até eu desaparecer de teus braços
diluindo-me na gota que silenciosamente
morre a teus pés.