Decidi voltar ao tema do post anterior porque li comentários (que desde já agradeço) que me pareceram muito pertinentes, mas onde ficava sempre uma certa confusão entre silêncio e solidão. Geralmente não sabemos quem verdadeiramente sofre. As pessoas que mais sofrem são as que menos o mostram. Podem ate mostrar-se muito sociáveis e despreconceituosas, mas a dor persiste tirânica e as lágrimas são derramadas em silêncio.
O Homem foi feito para amar (entendam o amor da forma que quiserem). O Homem é, por natureza, um ser relacional e, todavia, gravita indefinidamente à volta de si mesmo, dos seus preconceitos e verdades absolutas, e esquece que o amor não tem correntes: é oblativo, entrega incondicional, e é por isso que quando as pessoas vêem muito amor, desconfiam, porque pensam sempre que terá de haver contrapartidas para tão grande desinteresse. A Amizade também é isso, mas quando queremos tornar os amigos exclusivos, passou a ser manipulação. E embora o Homem seja um ser relacional, necessita também do silêncio. A outra face da mesma moeda. É por meio dele que crescemos, que vemos se o nosso espelho nos diz o que queremos ou o que realmente somos, e é por meio dele que alimentamos a alma, que nos colocamos acima dos outros animais, que contemplamos e nos esvaziamos para podermos simplesmente ser.
Todavia, houve alguns comentários em particular que tentaram estabelecer a diferença - tal como eu tentei explicar no post - entre silencio e solidão. Mafa_R escreveu que “Solidão não é, não pode ser o querer estar sozinho. Há no ser humano necessidade de contactar com outros e, quanto a mim, Solidão é o sentimento que se tem de rejeição por parte dos outros. E isto pode doer muitíssimo.” O André Couto foi, talvez, quem mais tentou desenvolver o encontro connosco mesmos nesse necessário silêncio (e como me identifico contigo, André, quando dizes que “Dias há em que movo montanhas e nada me trava, noutros apenas o peso da minha existência se torna algo quase insustentável”, mas isto já somos nós a ir mais longe para além das supostas definições. Identifiquei-me muito mesmo, até porque tenho uma energia irregular. Mas voltando aos comentários sobre silêncio e solidão, tout-court, e sob pena de me ter explicado mal no anterior post, daria a minha opinião mais concisamente onde, de facto, diferencio o silêncio da solidão.
Salvo melhor opinião, tenho para mim que a solidão vem sempre acompanhada de dor, pelo que não penso haver solidão voluntária: há gostar de estar só, mas isso não é solidão porque não está associado a um sofrimento auto-infligido ou não; é apenas o prazer de gostar de estar só. Solidão implica dor, abandono, desalento. Estar só, não. E estar só (silêncio) é factor de crescimento, tal como quando levamos com amarguras em cima, traições ou difamações, porque ficamos a conhecer melhor a natureza humana (e/ou aquelas pessoas em particular) mesmo nos que se dizem os melhores sob a capa de grande naturalidade e humildade. Mas acredito que estar só é crescermos, é alimentarmos a alma, é estarmos connosco para nos podermos ter a nós próprios, sob pena de termos uma pessoa que nem nós conhecemos jugando conhecer muito bem: nós mesmos.
Como digo mais acima, fomos feitos para amar, para nos relacionarmos, o que implica o auto-conhecimento, os espaços de silêncio (a mais ninguém é dado contemplar o mar, a beleza, as estrelas, o seu próprio silêncio, do que ao Ser Humano). É pena que o Homem, com todo o progresso, se tenha esquecido que há homens cujo valor e dignidade não reside em rigorosamente mais nada do que no amor que brota de si mesmo. E esse amor já requereu o silêncio de si. Mas não a solidão. Essa, suponho que só a solidão dos próprios pensamentos. O resto é silêncio, arejar o espírito, crescermos, estarmos deliciosamente sós connosco mesmos, qual brisa silente num dia de calor. Sem o silêncio de nós, seríamos tão mais ruidosos, que nem a nós nos suportaríamos. E quem nao faz silêncio dentro e fora de si, não está em condições de crescer. Como dizia no post anterior, quando nos sentimos sós (de solidão) não é por não termos outros: é por não nos termos a nós mesmos...
O Homem foi feito para amar (entendam o amor da forma que quiserem). O Homem é, por natureza, um ser relacional e, todavia, gravita indefinidamente à volta de si mesmo, dos seus preconceitos e verdades absolutas, e esquece que o amor não tem correntes: é oblativo, entrega incondicional, e é por isso que quando as pessoas vêem muito amor, desconfiam, porque pensam sempre que terá de haver contrapartidas para tão grande desinteresse. A Amizade também é isso, mas quando queremos tornar os amigos exclusivos, passou a ser manipulação. E embora o Homem seja um ser relacional, necessita também do silêncio. A outra face da mesma moeda. É por meio dele que crescemos, que vemos se o nosso espelho nos diz o que queremos ou o que realmente somos, e é por meio dele que alimentamos a alma, que nos colocamos acima dos outros animais, que contemplamos e nos esvaziamos para podermos simplesmente ser.
Todavia, houve alguns comentários em particular que tentaram estabelecer a diferença - tal como eu tentei explicar no post - entre silencio e solidão. Mafa_R escreveu que “Solidão não é, não pode ser o querer estar sozinho. Há no ser humano necessidade de contactar com outros e, quanto a mim, Solidão é o sentimento que se tem de rejeição por parte dos outros. E isto pode doer muitíssimo.” O André Couto foi, talvez, quem mais tentou desenvolver o encontro connosco mesmos nesse necessário silêncio (e como me identifico contigo, André, quando dizes que “Dias há em que movo montanhas e nada me trava, noutros apenas o peso da minha existência se torna algo quase insustentável”, mas isto já somos nós a ir mais longe para além das supostas definições. Identifiquei-me muito mesmo, até porque tenho uma energia irregular. Mas voltando aos comentários sobre silêncio e solidão, tout-court, e sob pena de me ter explicado mal no anterior post, daria a minha opinião mais concisamente onde, de facto, diferencio o silêncio da solidão.
Salvo melhor opinião, tenho para mim que a solidão vem sempre acompanhada de dor, pelo que não penso haver solidão voluntária: há gostar de estar só, mas isso não é solidão porque não está associado a um sofrimento auto-infligido ou não; é apenas o prazer de gostar de estar só. Solidão implica dor, abandono, desalento. Estar só, não. E estar só (silêncio) é factor de crescimento, tal como quando levamos com amarguras em cima, traições ou difamações, porque ficamos a conhecer melhor a natureza humana (e/ou aquelas pessoas em particular) mesmo nos que se dizem os melhores sob a capa de grande naturalidade e humildade. Mas acredito que estar só é crescermos, é alimentarmos a alma, é estarmos connosco para nos podermos ter a nós próprios, sob pena de termos uma pessoa que nem nós conhecemos jugando conhecer muito bem: nós mesmos.
Como digo mais acima, fomos feitos para amar, para nos relacionarmos, o que implica o auto-conhecimento, os espaços de silêncio (a mais ninguém é dado contemplar o mar, a beleza, as estrelas, o seu próprio silêncio, do que ao Ser Humano). É pena que o Homem, com todo o progresso, se tenha esquecido que há homens cujo valor e dignidade não reside em rigorosamente mais nada do que no amor que brota de si mesmo. E esse amor já requereu o silêncio de si. Mas não a solidão. Essa, suponho que só a solidão dos próprios pensamentos. O resto é silêncio, arejar o espírito, crescermos, estarmos deliciosamente sós connosco mesmos, qual brisa silente num dia de calor. Sem o silêncio de nós, seríamos tão mais ruidosos, que nem a nós nos suportaríamos. E quem nao faz silêncio dentro e fora de si, não está em condições de crescer. Como dizia no post anterior, quando nos sentimos sós (de solidão) não é por não termos outros: é por não nos termos a nós mesmos...
Até já.