21.10.09

SARAMAGO: PRÉMIO DIVINO


Imaginem que Saramago é crente e diz isto: os ateus são pessoas acéfalas porque a razão, verdadeiramente livre, cedo ou tarde se descobre limitada e intui a existência de Deus. A Bíblia e o Corão são livros sagrados que só os dementes e estúpidos não percebem que tem a ver com os mitos da criação, como o Genesis e o Antigo Testamento, e que a Bíblia é o maior documento histórico porque traduz a História da Humanidade desde a criação. Logo, os não crentes, para além de estúpidos, são ignorantes.

Imaginem esta situação. Do meu ponto de vista acharia um ataque à liberdade individual de não crer, e uma enorme soberba intelectual porque detentor de uma verdade absoluta que nem a Igreja ou o Corão têm. Para além de mal educado e ofensivo. Foi o que Saramago fez. Só que ao contrário. É no respeito que reside a diferença. Não no afiar do dente.

Atacar a liberdade de cada um porque aderiu a uma religião, porque a nega ou porque fica na dúvida sobre a existência de Deus, é não usar a razão, mas legitimar-se uma supremacia “divina” que não tem, como fazem os crentes fanáticos ou como fez Saramago ao defender tão ostensivamente o seu ateísmo. Julgava-o mais inteligente...