22.3.12

THE DAY AFTER


Dia de greve geral. E amanhã? Portugal estará mais rico? A troika foi-se embora? As dívidas ficaram saldadas? Começa a primavera económica? Se a greve é uma arma importantíssima como cartão amarelo e/ou vermelho à má governação, certo é que fazer uma greve (geral) nas actuais circunstâncias, é não prever a sensatez. Repetindo que sou apartidário, Sócrates e o seu séquito são daquelas situações que, por mais crise internacional que houvesse (nunca reconhecida por Sócrates para Portugal, exceptuando quando ganhou eleições em governo minoritário) continuando, pelo contrário, a aumentar os salários na função pública em 2,5% (é obra), recusando qualquer sombra anémica na economia portuguesa e nas finanças públicas, - sem falar na descontracção total que era ver os ministros a afuçangar-se em corrupção atrás de corrupção (obviamente encapotada) - foi a sua arrogância e desprezo pela pobreza dos contribuintes (que, obviamente, não são resistíveis à crise como eles), que tornou Portugal muitíssimo mais fragilizado quando a crise chegou em força!

De resto, não poderíamos assacar à crise de 2008 o despesismo e as malfeitorias do governo, muito embora não apenas do PS mas particularmente nos seus últimos seis anos de governação, estando agora  Sócrates confortavelmente instalado em Paris, mesmo sabendo-se que a maior parte dos processos judiciais são o que são em Portugal... Então é o PSD/CDS um bom governo? Para já nem é bom nem é mau, dado que praticamente não decide, além das linhas impostas pela troika; a única coisa que faz são ajustes ou propostas, mas sempre para os mesmos objectivos impostos pela troika. Por isso, fazer greve hoje, amanhã ou depois, é um dislate que não se percebe, sobretudo quando se trata de uma greve geral.


Falou-se muito mal de Cavaco, um homem que não admiro pela fraca frontalidade com que se apresenta, e sempre com medo de tudo, mas a verdade é que ele veio dizer o que devia ter dito na altura sobre Sócrates: desde o esconder a real situação portuguesa ao próprio presidente, quanto continuar a mergulhar-nos num poço cuja lama é agora esta em que vivemos. O próprio pedido de resgate feito à troika, foi já, não apenas tardio e insuficiente (com contas escondidas) como um grito final do então ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, quando, vendo que já não comportava pagar salários nos próximos meses e sem nunca conseguir de Sócrates o pedido que há muito devia ter sido feito, desabafou na imprensa internacional que iríamos precisar de ajuda financeira, o que lhe valeu um corte de relações por parte de Sócrates (mas Sócrates era autista, arrogante ou simplesmente brincava com os portugueses? É que se Sócrates tivesse conseguido fazer apenas o que queria, como estava a conseguir), hoje o pedido à troika teria sido qualquer coisa como a Grécia...

Como escrevi aqui antes das eleições de 2011: "Mas se existem governantes e políticos que não se preocupam com o bem comum, não devíamos nós, os eleitores, dizer que só fazem o que querem enquanto lhes dermos o "alvará"? E que isso apenas o podemos fazer de maneira efectiva quando votamos, e não em ajuntamentos e afins por mais importantes que sejam?"


As pessoas reclamam por tudo e por nada de tal forma, que depois nem se apercebem que, se calhar nessa conjuntura em que estão a reclamar, melhor seria deixar a parca esperança se manter, e não interferir sob pena de todos ficarem pior. Reclamar por reclamar é filiar-se nos rezingões para quem nada nunca está bem. Da mesma maneira que reclamar sem se votar em quaisquer eleições, torna o lamento (já de si estéril) ainda mais infundado! Talvez por isso eu seja apartidário mas não acrítico.