Fica contigo esta noite! Pede desculpa às estrelas e diz que chove
ali ao canto.
Sai de ti esta noite! Descerra as certezas lapidares de que
só aos pares e grupos
se faz vida e mundo.
Há sofrimento e dor,
e brilho e encanto,
nas almas sós
que forçadamente não
encontras,
e nas margens luminosas
que julgas encerradas
em si mesmas como
candeeiros bonitos da cidade.
Fica aqui esta noite.
Sai de ti
até de madrugada.
E quando o dia raiar,
estarás ainda a
recuperar da magia
do encontro que
se fez assim, de
mansinho e sem barulho,
na solidão perene
de quem saiu de si
para conhecer o mundo.
Perceberás que as tuas certezas estavam fundeadas num encosto, e que as seguranças eram apenas por não estares só!
não me verás de novo,
e talvez nem reconheças
o silêncio que se fez.
Mas se chegaste à
orla da alma que aveluda
em pregas douradas
a realidade que te habitou,
não mais voltarás à
mecânica dos risos colectivos,
nem às luzes nocturnas
a fantasiar a alegria,
sem que para isso
não deixe de brotar de ti
um sol nocturno
que te fará acordar
o ser adormecido.
Há espaços que só o
conhecimento do luar
te pode preencher...
Fica contigo esta noite...
E ao ficar contigo,
fica com todos os
que te passando ao lado,
são também
metade que te falta!
Fica contigo esta noite...
e levarás em mãos a minha alma...