21.8.12

PELA NOITE SE CAMINHA...

Tanto lamento afundar-te-á na desistência (in)consciente, no sacrifício gratuito,  na exístência cinzenta. As tuas dores são marcas indeléveis do percurso, noites que não resgataste em feridas abertas.  Mas lembra-te que te deves a alegria e o viver, e que cada vez que mergulhas nessa busca pelo tempo que já não é, como que forçando uma liberdade que não é tua a uma vida que não é do outro, te encarceras mais no limite das coisas, até que um dia já não reconhecerás o poder do sol, e da luz dirás serem trevas num apocalíptico deambular interior.

A alma macerada devia servir para aligeirar tudo o que mais faça sofrer, para apontar para longe todas as autoinfligidas catástrofes que digeres em contínuas congestões que te definham a capacidade de sorrir e ser.

Se o preço que resgatas é alto, lembra-te que sem te valorares no que legitimamente és, tudo terá sido em vão, e da saudade não farás uma doce lembrança mas outro pico de doença.

Avança. Firme na resolução de seres. O resto são dores que devias converter no tempo, até à regeneração que impeça o lamento de te secar a alma, e o amor de se voltar a dar em bruto e na amizade imensa de uma alegria feliz...