21.3.21

DIA MUNDIAL DA POESIA



A luz dos pomares no regaço
e uma gargalhada cúmplice de amor.
O poço vivo da memória
exaltando espirais rendilhadas
nas ameias de um palácio novo.
Entra o sol sorridente
em pedras de fogo,
anestesiando os nenúfares frios
o lado da alma,
dormentes,
até as sereias subirem
à tona da boca e
incompreensivelmente deixarem
no ar a comunicação
dos cantos ousados.
Hoje o dia faz-se assim,
para saberes que há sempre
passos que só tu podes dar,
a meio caminho da
entrega e da vontade.
Sempre que a luz se finda,
é porque não percorreste
o caminho e deixaste
ausente o amor.
Depois, todo o gelo
se desfaz no teu olhar,
e pela primeira vez
em tantos egoísmos,
respira fundo a tua alma
como quem sorri
por já se saber dar.
...E as sereias voltam
à superfície do olhar,
e o sol aumenta de luz,
e o palácio brilha
nas pedras preciosas da partilha,
uma refração de sentimento
em lábios sorridentes
de uma vida que se faz,
ao entregares as mãos
no jardim silente e calmo
de uma fonte de amor...