17.3.21

NÃO TEMOS DE SER PERFEITOS

 


Porque o silêncio fala.


Porque vejo no riso de quem passa, as lágrimas que esconde.

Porque não temos de ser perfeitos, não temos de estar constantemente alinhados com um suposto estado de felicidade e perfeição, em palestras de como tirar as verrugas da vida, as crostas do dia, o peso da realidade.

Porque temos de ser inteiros, e não apenas o brilho que ofusca a dor e a angústia, o sofrimento e desencanto, como se fosse errado ser imperfeito, mas é essa, por natureza, a definição de ser humano.

Porque a incessante procura de ser mais e melhor para remover as imperfeições, e a ideia de que tudo tem de ser imediato, e essa panóplia light de atalhos pelas mais diversas formas para nos mantermos o mais alto que pudermos, é um erro consentido, uma ilusão abusiva, só porque tudo isso vai ao encontro das nossas necessidades, mas ser feliz não é isso, sermos nós não é isso, mesmo que aparente e granjeie gratificações mais ou menos instantâneas.

É preciso descer à cave. Ficar no rés do chão. Conhecer o luar na solidão das estrelas, a dor que aterroriza mas equilibra, o arrojo de simplesmente sermos nós.