2.4.21

SEXTA FEIRA SANTA

 



É Sexta Feira Santa. Por volta das três da tarde, Jesus morre na cruz, vítima de uma trama política e religiosa, e com um grau tão grande de stress que o suor é sanguinolento (hematidrose, uma situação rara provocada por um violentíssimo stress).

Entra logo aqui a inteligência emocional quando, como escreve um autor na "Análise e Inteligência de Cristo" "Jesus protegia as suas emoções, sabendo que são elas que despoletam todo o nosso agir, e por isso, mesmo quando os carrascos o crucificavam, ele sabia que eram vítimas da cultura tirânica do império romano, cumpriam ordens, não eram donos do seu destino, e que por trás de uma pessoa que fere, há sempre uma pessoa ferida. Isso não resolvia o problema dos opositores, mas resolvia o dele, protegia a mente e as emoções."
Já noutro plano, o que posso dizer é que, a Deus, não se chega pelo esforço intelectual que d'Ele possamos fazer. Fé e razão são planos distintos e não se invalidam.
Dizia um paleontólogo e teólogo, que "o problema de muitos é que mantêm uma imagem infantil de Deus e essa imagem não se dá bem com a maturação de uma visão científica do mundo. O conflito cognitivo não se resolve e quebra na parte mais débil: a experiência interior. Sem vida interior, não é possível crer".
Curiosamente, Einstein faz também aqui um paralelismo quando dizia que "uma espiritualidade que não brota do contacto com a vida, com as injustiças de inumanidade, não é espiritualidade".
Theilhard de Chardin tem uma frase fabulosa onde diz que "não somos seres humanos a viver uma experiência espiritual, somos seres espirituais a viver uma experiência humana...".
Seja como for, a fé é sempre um caminho pessoal de interioridade, num processo único de caminhada individual, ao encontro de certezas que só a dúvida desfaz...

(Embora não costume explicar/legendar as minhas fotos, esta é de uma escultura impressiva a 360° que tirei à entrada de uma igreja portuguesa em Istambul).