2.7.22

DO VALOR INTRINSECAMENTE HUMANO



Dois cães, duas situações, cuja imagem me convoca uma reflexão sobre nós!
Temos sempre a tendência de credibilizar o outro pelo que faz, ou pela quotização social que tem! Se, num grupo de doutores todos se apresentarem e fazerem valer os currícula e méritos sociais, e chegada a vez de um colega simplesmente disser o nome e sorrir, não vão perceber a mensagem: de que aquele que temos à nossa frente, não vale pelo que socialmente é apreciado, mas pela formação humana que demonstre e/ou lhe intuamos, ou seja, que vale pelo que é como pessoa, e não pelos títulos académicos que tem.
E, no entanto, as pessoas continuam no mesmo registo: de valorar o que o outro faz, para saber com que grau de cortesia e de respeito o deve tratar! Uma pessoa credível quere-se num registo q.b. de simpatia e entrega, nada de ser ela mesma e saber manter respeitos sociais, i.e., o politicamente correcto! Nada de mais errado. É, aliás, o primeiro engano. Claro que parecem muito descomplicadas e simpáticas, mas há muito verniz sob essa aparente genuinidade!
E, assim, confundindo o crédito com o valor [mesmo que este também exista - mas nem sempre o contrário é verdadeiro], caímos arrogantemente ignorantes (ou cínicos), na mentira social com capa de verdade, de que o cão bem cheiroso e tratado, que vai ostensivo e feliz no carro do dono, vale mais do que aquele outro, pobre e solitário, numa carrinha a caminho do canil... Não vale. Assim as pessoas...


*`**

(Por motivos óbvios, ao contrário dos anteriores textos, esta não é uma foto minha, sendo que também desconheço a autoria da ilustração).