8.11.22

TO BE....

 




Tirando a conjugação do verbo "To Be", que já é viral no tweeter (por querer chamar a atencão sobre a importância do "I am"...oh welll), Cristina Ferreira lá usou alguns clichès, e até alguma linguagem de muitos mentores de desenvolvimento pessoal, quando pretendem retirar a carga negativa de algo, dizendo "...e está tudo bem"! Sim e não, mas isso seria outra conversa.

Todavia, disse, igualmente, algo já ouvido e conhecido: "Se não consegues realizar o teu sonho, é porque o teu sonho não era para ti"....
Ora, ou "está tudo bem", i.e., ou aceitamos a derrota e as falhas, não como uma imobilização e sensação de frustração e incapacidade, mas como aceitação de que não somos perfeitos, para voltar à carga, cada vez mais confiantes, ou pensamos "como não consigo fazer isto, é porque não é para mim"...
É um clichè, como digo, já ouvido, mas importa reflectir sobre ele, na generalidade, já que, cada caso é um caso!
"Doutor, não sei, não consigo realizar o meu sonho e, por isso, passo a vida frustrado e descontente"... diria, hipoteticamente, alguém a um psicoterapeuta! E, o psicoterapeuta, fazendo um atalho lógico e de imediato raciocínio, respondia: "Então, mas se já viu que não consegue, largue isso.".... Ou seja, em vez de tentar perceber do real interesse do que o paciente/cliente queria atingir, demove-o logo....
Obviamente que, como digo, cada caso é um caso, e é muito importante termos a noção dos nossos limites, para saber se não gastamos energias em vão, até porque, também há algo que todos devíamos saber: não basta sonhar: o sonho tem de ser exequível, além de ser necessária a profunda reflexão quanto àquilo que desejo, e àquilo que, verdadeiramente, quero alcançar.
Se, por exemplo, eu pensar que vou ser o astronauta que pisou pela primeira vez, Marte", (nem astronauta, quanto mais), obviamente não vou, é um sonho lídimo mas não exequível; ou ser um Nobel da Física ou da Química (quando, mal sei o básico, sou um perfeito retardado nessas matérias como em enésimas outras, mal sei a fórmula da maioria dos elementos da tabela periódica, quanto mais, e se me explicam em linguagem acessível algo que nunca dominei (nem que fosse física quântica para criança), retardadinho outra vez, e só conseguiria dizer "sim, sim, aham..." para não julgarem que era da Cercis...
Pois é, temos de ter muito cuidado, em sermos muito claros e objectivos connosco mesmos...
Sendo o sonho exequível, por maior dificuldade que haja na sua concretização, obrigando a uma enorme perseverância - resiliência, um termo em voga em psicologia mas que não é originário dela, e que não gosto de usar, embora não por isso -, e obstinação volitiva, uma férrea vontade, portanto, ao ponto de remar com muito sacrifício e durante muito tempo, então a concretização do sonho depende, efectivamente de mim, com todos os escolhos que irei enfrentar, até chegar onde, verdadeiramente, queira estar.
Todas os grandes sonhos, de Abraham Lincoln a George Lucas ou Rui Nabeiro, tiveram por detrás desencanto, desilusão, mas também uma tenacidade colada à pele, que passava por cima do tempo que levava; dos "nãos" recebidos; da angústia do investimento na incerteza (mais do que no próprio projecto), a realizar um único sonho...
No fim vale a pena, porque, tenha levado o tempo que levou, com imensos custos de dúvida, luta e espera, nunca se tornaram maiores do que o sonho. Por vezes, basta um momento pleno de realização pessoal, para, ainda assim, não lamentar todo o tempo e sacrifîcio, porque não há nada pior, do que vivermos uma vida que não era a nossa...


(Nota: atenção que não sou nenhum exemplo de automotivação, sou um perfeito amante da Simplicidade, dos pequenos nadas, da delicadeza dos gestos, de tal forma que, alguém sabendo disto, dir-me-ia "hás-de ir longe".
Mas eu falo em felicidade, sucesso é outra coisa, porque o dinheiro e a fama não trazem o Amor, o Afecto e Carinho de que todos necessitamos, e, também "a contrario senso", podemos levar uma vida de sucesso mas à míngua da felicidade...
Eu tenho a noção do preço a pagar por isso, mas nem todos nasceram com uma energia e determinação tais, que parecem aqueles oradores motivacionais tão convictos, que não é aconselhável haver tetraplégicos na sala, já que o discurso é tão empolgado e exagerado, que só falta dizer: "Levanta-te dessa cadeira! Tu consegues" com uma força vocal, que a seguir não tinhamos paraplégicos curados, mas todos esbardalhados no chão, hipnotizados por um não pedagógico exemplo (pronto, "caídos por terra" em vez de 'esbardalhados' que não fica bem a pessoas muito sérias)...