Não ligo muito ou quase nada ao Carnaval, mas percebo que a máscara tem o sentido catártico de uma disciplina socialmente imposta, como interregno lúdico se se declinassem as normas.
Todos os dias temos os mais variados corsos, onde o papel principal é sempre o nosso, já que os carros alegóricos (pessoais ou colectivos) passam sempre por nós.
Entre a defesa e a hipocrisia, entre o real e o intencional, as máscaras são produto de personalidades prensadas no despotismo de muitos.
Neste aspecto valorizo os simples, a simpatia do (sor)riso, a desresponsabilização salutar por tantos males do mundo! E esses sim, sabem brincar. Sem precisar de corsos ou trajes forçados.
O homem médio é, sem dúvida, o mais feliz.
De resto, a brincadeira despreconceituosa e simples do quotidiano, o humor e a alegria, - mesmo quando não temos muitos motivos para isso, mas cabe-nos fazer a nossa parte -, são imperativos numa sociedade tão dada ao formal, ao poder, ao status e ao dinheiro, como se apenas legitimassemos o ar pomposo e descredibilizássemos a simplicidade do ser.
Há pessoas que são os seus próprios campos de batalha.
Como diz Luidgi Pirandelo:
"Ao longo do teu caminho,
conhecerás todos os dias,
milhões de máscaras
e pouquíssimos rostos..."