5.5.23

GOVERNO PORTUGUÊS: O PANTANAL



Não gosto de falar de política, mas também não podemos ser passivos a governos que simplesmente não governam, provocam, e estão em conluio, servindo-se, isso sim, a si mesmos.

Mal obteve maioria absoluta, o governo tornou-se absoluto, com a cobarde conivência do próprio Primeiro Ministro, nem que fosse por, constantemente, abençoar cada membro do governo, de sub secretário de estado a ministro e afins, sem jamais assumir qualquer responsabilidade, onde, em última análise, era sua.

Há sete anos no poder, Costa foi sempre igual a si mesmo.
Não existem problemas, o governo governa bem, não há corrupção nenhuma nem intrigas palacianas, não existe uma gestão à solta, criando ervas daninhas que vão atingindo cada vez mais o solo democrático, até chegar à raíz principal, o primeiro ministro circense, que, de tão habituado a terra podre que ele mesmo fomenta por inacção e apoio, também não o atinge a ele.

Com tudo isto, as ervas saudáveis à volta desse pântano - que teima em querer ser cada vez mais fundo, com o euromilhões da política oferecido pelos eleitores ao lhe conferirem maioria absoluta -, vão ficando sem espaço para se desenvolverem, e são mesmo apanhadas por um quase vazio de poder e por total ausência de autoridade.

Existe um Primeiro Ministro em cada sub secretário de Estado, em cada ministério, ou seja, só devem explicações a si mesmos dado que Costa até agradece dispensar-se de saber. É um "sirvam-se à vontade"!

Isto não me admira, porque em sete anos de poder , e já em ano e meio com maioria absoluta, a marca de António Costa é a gestão corrente e o encobrimento de absolutamente tudo, quer passando à frente, quer defendendo.
Nenhum político pode ansiar melhor governo, do que um liderado por António Costa: carta branca para tudo, livre trânsito em decisões irregulares, algumas ilegais, outras criminosas, como já antes fizera Sócrates, usando o erário público como se fosse uma conta particular, onde negoceiam sem ética, debaixo da mesa e com contrapartidas para todos. Pode haver melhor paraíso fiscal sob a capa da legalidade, já que falamos de um governo eleito?

Este não é o caso do "enfant terrible" Galamba, como outrora Pedro Nuno Santos, mas o culmimar de tanto lixo de ausência, não apenas de ética política, mas igualmente do sentido mais básico de falta de honestidade pura.

Se Galamba não tivesse encenado a sua demissão, para António Costa não a aceitar, perderiam ambos a face e, melhor ainda, deixariam de poder prosseguir livremente o caminho da mentira e, com ela, das ocultações, negações, e ilegalidades, simbolizando Medina (outro a mentir descaradamente) e as atitudes negacionistas de qualquer realidade por parte seja de que ministro ou adjunto for, na sua arte de bem iludirem quem lhes conferiu esse poder.

Na realidade, são três, os responsáveis pela passividade governamental: uma ditadura doce que todos engolem porque está cheia de blush. Do melhor.

Marcelo, pela estranha e inaudita conivência com Costa em nome de uma única coisa: estabilidade social e política.

Costa por tudo o que vem de trás, na sua genética política.

O povo português, porque foi no canto da sereia de Costa, quando, já depois da geringonça e com o orçamento de Estado recusado, vamos para eleições legislativas, e o seu mote é acenar com um Portugal à deriva caso não lhe dessem maioria absoluta depois de rejeitado o Orçamento de Estado que, imediatamente, levou à dissolução do governo e da Assembleia República.

Aproveitando a ideologia de muitos que, apenas por serem simpatizantes ou militantes de um partido, votam cegamente nele, bem como a ignorância de outros tantos que, com tanta dissimulação, acabam por acreditar que o governo é uma vítima e não o causador dos "casos e casinhos", somos chegados aqui.

Galamba simboliza, neste momento, o governo.
Marcelo, a ideia de ser preferível uma paz podre, à instabilidade, (cobardia politica), absolvendo desde o início e evitando qualquer crise, tudo o que viesse do governo. Como resposta pela ajuda, Costa paga-lhe agora, sarcasticamente, com ingratidão.

No meio disto tudo, onde ficam os portugueses? Certamente baralhados e sem melhor qualidade de vida e ainda com maiores entraves.

Mas porque é que António Costa defrontou tão seguro de si o presidente da República, fazendo um pacto com Galamba, simbolicamente representando todas as inconstâncias (digam-se manigâncias e trafulhices) do seu governo, com tudo o que está à mostra de nem uma medida estrutural ou macro económica?

E porque disse assumir todas as responsabilidades políticas, ao encenar a força do governo com Galamba e prontíssimo a ir a eleições?

Porque, tal como depois de ver o seu orçamento de Estado rejeitado, e, com ele, a dissolução do governo e da Assembleia da República, apelou ao voto massivo nele nas eleições, a fim de ter uma maioria absoluta, sem a qual, Portugal estaria perdido, e o povo deu-lha.

Logo, Costa está à vontade para prosseguir como o grande encobridor e o nada sabe, porque sabe que, no matter what, haverá sempre uma legião de portugueses que continuarão, absurdamente, a votar nele...