3.7.12

NÃO TE PEDIREI DE NOVO...

                                                                                                                                           
Não te pedirei de novo que adormeças os pássaros ou vigies o meu sono. Não te pedirei de novo que acalentes em teus braços as manhãs promissoras da entrega, ou me confies cegamente um olhar eternizado. Não te pedirei que contes as estrelas nos meus olhos ou sussurres em sorrisos libertadores a cumplicidade de um só ser. Não. Não te pedirei de novo que me dês a mão no silêncio diáfano da angústia ou na esperança clara de um alegre amanhecer.



Na viagem livre das nuvens, estão também as asas de quem crê, e quando mesmo sem emoção nem chama se cantam os louvores da alegria e da pertença num grito pessoal de esperança, já a alma se desnuda e grita, mesmo reconhecendo que faltam tantos voos até à ilha da partilha.

Longo é o mar, mas em cada gota  estremece a fusão da entrega, fazendo-se perto o longínquo horizonte do abraço. Não te pedirei de novo que sopres ao vento as minhas lágrimas ou sejas o rochedo da minha salvação, a âncora dos meus sonhos,  o silêncio da manhã. Quando se compram estrelas ou se quer vender o sol, já a terra enlameada te salpicou de indiferença o que afinal não tens.