1.8.12

PAZ PARA O CAMINHO...

Quando tudo te parecer irrequieto e impossível,
e no ruído do mundo não encontrares a paz,
vai ter contigo!
Entra no jardim mas deixa lá fora dúvidas,
inquietações, e sobretudo  o teu pensamento,
inimigo mascarado que agrilhoa a realidade
em ilusões e conjecturas!

Deixa lá fora os teus amigos,
e despe-te de ti também,
para poderes entrar no mundo
descontaminado da alma.

Ao início ainda ouvirás
o frenesim do incessante pensamento,
e a ansiedade a agitar-te,
mas adensa-te cada vez mais
sem vozes nem mãos,
sem companhias muletas nem amigos de verdade.


Não te esqueças, uma vez mais, de te esvaziar de ti,
pois só assim terás acesso à alma.

Quando sentires a pacificação da mente
e a paz de espírito, sente o silêncio redentor...

Não queiras voltar logo com assaltos da razão.
Deixa-te estar assim... 
...Não faças barulho.
Emerge apenas e funde-te sem pensar...


Depois...
passado o tempo que sintas para voltar,
é provável que te encontres.

Se costumas visitar a cave das lembranças
e o rés do chão dos valores, 
nao acharás estranho a varanda do segundo andar,
e se souberes mitigar no ramerrão das
emoções constantes e dos dias cheios de nada
a paz dos doces silêncios,

refar-te-ás como uma nuvem suave e livre,
que no seu percurso pelo céu
não deixou de conhecer os ruídos densos e agrilhoados
dos que julgam viver  felizes em jardins e moradias
feitos da artificialidade dos spas momentâneos,
mas cujo valor nem sempre é autenticado no jardim do silêncio,
esse, onde te despes de ti,
e onde sem amigos nem companhias muletas,
encontras a aurora embrionária da respostas
cujas perguntas já não fazes...