1.3.22

DO CARNAVAL



 

Não ligo nada ao Carnaval, mas percebo que a máscara tem o sentido catártico de uma disciplina socialmente imposta, como interregno lúdico se se declinassem as normas.

As personagens que representamos, confundem-se no real e no imaginário, porque tanto somos aquilo que pensamos ser, como as personagens que representamos.
Todos os dias temos os mais variados corsos, onde o papel principal é sempre o nosso, já que os carros alegóricos (pessoais ou colectivos) passam sempre por nós.
Neste aspecto valorizo os simples, a simpatia do (sor)riso, a desresponsabilização salutar por tantos males do mundo! E esses sim, sabem brincar. Sem precisar de corsos ou trajes forçados.
O homem médio é, sem dúvida, o mais feliz.
De resto, a brincadeira despreconceituosa e simples do quotidiano, o humor e a alegria, - mesmo quando não temos muitos motivos para isso, mas cabe-nos fazer a nossa parte -, são imperativos, numa sociedade tão dada ao formal, ao poder, ao status, ao socialmente correcto, à relativização dos valores, ao individualismo e egocentrismo.
Há pessoas que são os seus próprios campos de batalha.
A questão que fica, é se tiraremos as "máscaras" e seremos simplesmente nós, ou se continuaremos ignorantemente felizes com elas, quando já não é suposto termos de as usar...