10.10.22

DIA MUNDIAL DA SAÚDE MENTAL


Celebra-se hoje, o Dia Mundial da Saúde Mental. E quanto mais falarmos sobre a nossa saúde mental, mais combatemos o estigma associado. Ao diminuir o estigma, as pessoas sentem-se mais à vontade para procurar e receber apoio.

Mas, e o que é a saúde mental? Basicamente, é um estado de equilíbrio psíquico, físico, e que também envolve questões sociais. Não é definida apenas pela ausência de uma doença.
Uma boa saúde mental, significa sermos capazes de reconhecer as nossas qualidades e potenciais, e sabermo-nos adaptar ao normal stress do dia a dia.
E como se faz isso? Uma das formas, é a autocrítica, porque a saúde mental requer a higiene mental que nem sempre temos, reféns que somos de crenças e perspectivas que tomamos como irrefutáveis, porque apenas vemos o nosso prisma.
É a velha história de, um onde vê um seis, o outro vê um nove. E não entendem como é que o outro vê um número diferente a partir da mesma realidade, sem tentar perceber a sua perspectiva, dado que estão apostados quase unicamente na defesa, e não na compreensão de como pode um seis ser um nove.
E, isto, não se trata de estar certo ou errado, mas inevitavelmente surgem mal entendidos e, até, inimizades.
Logo, um sentido autocrítico; o simplesmente ser; a capacidade do riso (não é por acaso que muitas empresas têm sessões de meia hora de riso logo pela manhã, numa espécie de workshop de bolso conjunto); a doação (através do amor, da amizade, da entreajuda e da partilha); a capacidade de relevar e esperar; a noção de que nem tudo depende de nós, ...também tudo isto é fonte de higiene mental, neste dia que lembra a sua incontornável importância, a começar nos bloqueios afectivos autoimpostos, mesmo sem nos apercebermos deles (o que vai gerar novo problema).
No entanto, é importante ressalvar, que o bem estar emocional, também depende de factores sociais, psicológicos e biológicos.
Uma pessoa que tem um padrão de comportamento ou pensamento, que impacta negativamente na sua vida, poderá necessitar de aconselhamento médico.
É muito importante aprender a viver afectivamente bem connosco mesmos, e sempre que recusamos a emoção e o sentir, estamos a bloquear afectos e aprendizagens e, com isso, a capacidade de sermos mais pessoas, mais humanos, mais nós.
Sem um sentido autocrítico, estamos a entrar no caminho fácil de não nos querermos conhecer e, muito menos, trabalhar, porque requer também humildade na desconstrução diária do que temos como absoluto, para nos voltarmos a construir.
Só assim, conseguimos actualizar as nossas decisões e conhecer outras perspectivas.
De igual modo, se a resiliência é importante, não menos é permitirmo-nos sentir a tristeza, o abatimento, sem forçar o que não sentimos, porque essa artificial invencibilidade emocional e psíquica, pode provocar um agastamento imperceptível com custos depressivos a médio e longo prazo.
Sem ferramentas tão simples como a humildade e a autocrítica, forjamos a realidade, a nossa realidade, e depois dizemos que é ela que nos engana, precisamente porque no jogo de espelhos onde só queremos ver a perfeição, está, paradoxalmente estampada, a limitação que recusamos, e que, por falta de caminho interior, não conseguimos ter a capacidade de a perceber.